terça-feira, 29 de junho de 2010

Politicalha e Politiqueiros

Escolhi para abrir a sequência de conteúdos deste blog o editorial do Jornal Notícias, Ano XV, Nº 754, de 09/08/1969, com o título “Politicalha e Politiqueiros”. Vamos aos que disse o Padre Brandt naquela edição!

Se a Política é uma ação sagrada imposta ao homem e o Político desempenha uma nobre missão, não há ação mais sórdida que a politicalha nem tipo mais degradante que o politiqueiro.
Politicalha é a distorção da Política, é o cinismo arrogante e impávido alçado como sistema e posto a serviço dos instintos perversos dos homens sem consciência, que se aproveitam habilmente da alienação do povo a respeito dos seus mais graves problemas e se tornam senhores de situações e de posições no meio onde vivem, não para servir a comunidade a que pertencem, mas para explorá-la e corrompê-la a seu favor.

Politiqueiro é o que pratica politicalha. É o tipo do homem desonesto e velhaco que, com suas manhas e artimanhas, usando de processos diversos, chega a dominar os trunfos de mando e de prestígio nas comunidades. É o cínico que usando o nome da Política e se apresentando como Político ilude, por longos ou breves períodos, um povo. É o egoísta insaciável que consegue por manobras que passam por frutos da inteligência, como que dobrar a consciência dos seus concidadãos mais lerdos e mais indiferentes. Feito isso passam a aproveitar em benefício próprio da dinâmica do grupo.

A falta de Política e Políticos tem sido o grande mal de nossas comunidades, pois a ausência de uma e de outros provocou o preenchimento do vazio pela súcia de politiqueiros que implantaram a peste da politicalha, como processo e como ação.

Ora, é em razão de tal fato que se formou a confusão a respeito da Política, pois muitos confundem as coisas e não sabem distinguir o falso do verdadeiro. Daí a facilidade com que muitos dizem que a Política e só para homens sem vergonha.

Então os homens de bem, os de consciência reta, os cidadãos que poderiam ser os esteios da organização e do progresso das comunidades, diante da audácia dos politiqueiros, encolhem-se no silêncio e na omissão, e, porque acham que não devem misturar-se com a canalha para não macular-se, dão a essa mesma canalha cada vez maior liberdade de ação para prejuízo do povo e deles próprios, que se veem privados daquele desenvolvimento de que tanto precisa a região.

O lógico, o certo, o conveniente, o necessário mesmo é que os homens sérios façam Política, Política séria e construtiva em favor do bem-comum. Assim somente se evitará a implantação da sórdida politicalha, a doença maldita que infelicitou e infelicita tantos lugares, sem excluir, é claro, também o nosso.

O que participar do processo político, no entanto, deve estar preparado para as decepções e desencantos. Essas decepções e desencantos, no entanto, não o afastarão do cumprimento do seu dever. Trabalham não a seu favor, mas em favor do povo, para o bem da comunidade. Não querem tirar proveito pessoal da ação política, mas dão todas as energias de que são capazes, para que a região tenha paz, tenha ordem e tenham progresso. E a sua presença na Política e seu modo agir como político contribuirão para colocar em segundo plano ou mesmo extirpá-los tanto a politicalha como os politiqueiros.


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